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ABSTRACTS

Charles Vitor Berndt

Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Cosmopolistismo e Universalidade em José Saramago

José Saramago é um dos escritores contemporâneos de língua portuguesa mais lidos em todo mundo. Traduzida para inúmeros idiomas, sua obra figura, até então, como a única, do universo lusófono, que fora galardoada com o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998. Sendo assim, Saramago surge como uma voz que renova e dá novo ânimo ao romance contemporâneo português a partir da década de 1980. Esta comunicação aborda os aspectos cosmopolitas e universais da sua literatura, bem como procura lançar reflexões a respeito da sua preocupação humanitária e do seu engajamento social. Ao estabelecer o foco na produção romanesca do autor, buscar-se-á chamar atenção para uma série de elementos que evidenciam o caráter universal e cosmopolita dos textos publicados a partir da década de 1990, principalmente. O objetivo é chamar atenção e investigar textos como Ensaio Sobre a Cegueira (1995), por exemplo, que funcionam como uma espécie de “fábula” e assumem um viés globalizante, universal, cujos personagens representam, justamente, o homem moderno e suas preocupações e dilemas atuais. Palavras-chave: José Saramago. Cosmopolitismo. Universalidade. Ensaio Sobre a Cegueira. Fábula.

Denilson Botelho

Universidade Federal de São Paulo

O cosmopolitismo na biblioteca e na literatura de Lima Barreto

Esta apresentação aborda os significados e os usos da biblioteca particular de Lima Barreto (1881-1922). Trata-se de uma extensa e diversificada coleção de livros de um escritor negro que viveu os processos de transição da escravidão para o trabalho livre e da monarquia para a república no Brasil. Autor de romances, contos, crônicas e artigos para a imprensa, produziu uma literatura militante e engajada nos debates da sua época. O acervo bibliográfico que acumulou foi responsável, em larga medida, pelo conteúdo de sua produção literária e pela concepção de arte e literatura que forjou. Desta forma, torna-se relevante investigar os modos como se apropriou de suas leituras na formulação do seu pensamento e de sua apreciação crítica sobre outros autores, a exemplo dos escritores portugueses Júlio Dantas e Antero de Figueiredo, objeto de um artigo intitulado “Volto ao Camões”, publicado no periódico A.B.C.: Politica, Actualidades, Questões Sociaes, Lettras e Artes, do Rio de Janeiro, em 24 de abril de 1918.



Domenico Cambria

Institut Catholique de Paris

La resistencia literaria de la experiencia humana

La escritura literaria se caracteriza como una manifestación de resistencia que surge de la identidad del escritor hasta abrirse a una alteridad desconocida. Nos proponemos presentar las reflexiones de Maurice Blanchot y de Jacques Derrida que describen la literatura como una forma de resistencia que permite alejarse del control institucional. Primero, la escritura se manifiesta como un deseo del escritor de dejar rastros de sí mismo, cuestionando el significado de su vida, sin embargo, pierde gradualmente su carácter autorreferencial, descubriendo un espacio común marcado por la alteridad de un desconocido. Eliminando cualquier cierre autoritario, se despliega una práctica de escritura comunitaria que se convierte en una experiencia compartida por el otro a través de la práctica de la lectura. Esta apertura es la característica que Derrida reconoce en la literatura como poder de decir todo, ella ejerce una libertad de expresión, orientándose hacia una palabra que no es censurable, porque se proyecta hacia un futuro siempre más allá de su expresividad completa. Sin embargo, la literatura se resiste a la acción de interpretación y de encuadramiento en un género único; la suspensión de la literatura es el sello distintivo de su disidencia, de no ser parte de la institución y de no tener que alinearse con reglas y metodologías estrictamente identificadas. Por lo tanto, es apropiado considerar las expresiones literarias como espacio donde la comunidad toma forma escritural y como tiempo donde las resistencias se reconocen. La escritura es entonces comunitaria porque surge en el polemos entre sujetos que se resisten, es decir, en una manifestación comunitaria de alteridad.


Eduardo Pedro

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

A Casa de Meu Pai como uma narrativa biográfica cosmopolita

Na sequência das analogias da narrativa biográfica de Appiah é indubitável e inevitável considerar que Appiah e suas irmãs eram “filhos de dois mundos”. Isto pressupõe que os mundos metafóricos interligam duas identidades culturais diferentes nos seus variados aspetos, mas, em rigor, se encaixam uma na outra. Assim floresceu a simbiose da mundividência radicada na narrativa biográfica de Appiah, pelo que Appiah exprime essa herança familiar como o ponto fulcral da convergência familiar: “vivíamos num único mundo, em duas famílias «extensas», divididas por vários milhares de milhas e por uma distancia cultural supostamente insuperável, que nunca, ao que me lembro, nos intrigou ou assombrou muito".

Elisabete M. de Sousa

Universidade de Lisboa

A literatura de viagens e a formação do cidadão do mundo

As viagens de Heródoto deram a conhecer um mundo antigo na dimensão vivida e vívida dos homens, povos e regiões num enquadramento não-heroico e não-trágico. Os escritos de Heródoto, mais do que se constituírem como matriz da longa tradição ocidental de narrativas de viagem, demonstraram logo como o ponto de vista que estas narrativas põem em prática é fundamental para o entendimento de uma época, de uma era. Ao longo dos séculos, o traço identificativo da narrativa de viagens é preferencialmente a descrição do inédito. Diga-se, desde já, que estas narrativas surgem em diversas formas – cartas, diários, itinerários descritivos, com contributos da realidade física e do imaginário do seu autor em proporções variadíssimas. Outro traço distintivo é exactamente a variabilidade do registo em que são escritas. O seu cariz diverso, ora acentua a aventura, ora o deslumbramento, ora a descoberta científica, ora a vertente antropológica, ora a especulação e teorização filosóficas. Os escritos de Marco Polo, Fernão Mendes Pinto, Montesquieu (Lettres Persanes) Darwin, Humboldt, entre outros, podem (e são) determinantes no campo da História, da Filosofia, da Antropologia, da Biologia, mas não deixam de poder ser descritos como narrativas de viagem. A minha questão inicial é esta: o que torna uma narrativa de viagens num espécimen literário dentro do sub-género ‘literatura de viagens’? Por outras palavras, que elemento permite ao leitor aperceber-se do fio incandescente que acende a luz que deixa ver o trabalho literário? Penso que não se trata apenas de uma questão de estilo ou de capacidades descritivas, ou especulativas, ou da autoridade científica e literária do auctor. Obviamente, que estas, em larga medida, determinam, tanto como o conteúdo propriamente dito, o impacto na recepção de contemporâneos e a perenidade na memória colectiva. Não pretendendo ser exaustiva com o que direi sobre esta questão; avanço como hipótese de trabalho, a saudável contaminação entre narrativa de viagens e romance de formação (Bildungsroman) operada por J.v. Goethe em Viagem a Itália (1787). Seguidamente, comento como o ponto de vista típico do protagonista do romance de formação, que cresce exponencialmente ao longo do século dezanove, é assumido por romancistas, e até filósofos, até ao modernismo, numa vertente que se pode sintetizar na ideia da viagem como formação, como instrumento que permite o alargamento de horizontes do pensamento, mais do que os físicos das paisagens que se descobrem. A terceira parte da minha apresentação centra-se na demonstração de como, nos séculos vinte e vinte um, a literatura de viagens vem sendo dominada por autores/narradores que cabem na descrição de cidadãos do mundo. Neles, a pertença à comunidade de origem dá lugar à condição de cidadão dos lugares por onde constrói o seu périplo. Há casos em que esta passagem reveste um carácter transitório com o regresso do autor ao seu lugar de origem e a tudo o que isso implica, mas há também casos em que o autor perpetua o seu movimento ao encontro do mundo, e de outros nesse mundo, criando novos lugares de origem aos quais regressa para daí partir novamente. Comentarei igualmente como esta ascensão a cidadão do mundo se articula, por um lado, com a dialéctica entre recordação e repetição, tal como estabelecida por Kierkegaard, e, por outro, com as considerações de Simmel sobre a natureza do estranho/estrangeiro. Indico alguns dos autores que mencionarei nesta última secção: Patrick Leigh Fermor, Nicolas Bouvier, Robert Byron, Ryszard Kapuscinski.


Enrique Schmukler

Universidad Nacional de La Plata (UNLP) / Universidad Católica Argentina (UCA) / Universidad de Buenos Aires (UBA)

Mariano Siskind’s Deseos cosmopolitas

Modernidad global y literatura mundial en América Latina, repone la hipótesis de Sylvia Molloy según la cual la retórica fundacional de los escritores modernistas latinoamericanos era la de un “vacío cultural” que debía ser colmado. Partiendo de esa idea, Siskind postula que el deseo de formar parte de la literatura mundial era, para esos escritores, “una forma significativa de realizar su subjetividad moderna en el contexto de lo que percibían como un campo cultural desolado” (2016: 152). Este paraje cultural y literariamente desértico es el que imprimía en esa subjetividad en proceso de constituirse un “deseo de mundo desde una perspectiva cosmopolita” (Ibíd) en el que el “mundo” era concebido como “un espacio y un corpus literarios definidos por su exterioridad respecto de América Latina y que es postulado por los escritores modernistas como un reservorio universal de estéticas modernas / modernistas donde los cosmopolitas marginales encuentran recursos retóricos y tópicos para articular una modernización cultural no particularista” (Ibíd). Uno de esos recursos retóricos es, en efecto, el de la cultura y la literatura latinoamericanas entendidas como formaciones que deberían dejar atrás su estado originario de niñez y adoptar el talante y las responsabilidades de una cultura y una literatura maduras. Siskind cita una conferencia que Manuel González Prada dictó en Lima en el año 1886 en la que, apropiándose de un tópico kantiano ya analizado por Dardo Scavino , insta a los intelectuales peruanos a “madurar y convertirse en adultos cosmopolitas” a la vez que recomienda contraer “un compromiso con la literatura mundial como la forma más productiva de superar el atraso de España y sincronizar la cultura peruana con la universalidad secular de la modernidad (2016: 160). La niñez como un estadio que hay que dejar atrás y el viaje cosmopolita como una forma de escapar a la llanura cultural de los orígenes, son dos metáforas de peso en la obra autobiográfica de Sergio Pitol . Tanto en El arte de la fuga como en El mago de Viena, la maduración intelectual y literaria y el abandono del terruño natal como una forma de concretarla aparecen, con ciertas diferencias, cuando el escritor mexicano intenta hallar una explicación a su precoz vocación literaria. El objetivo de este articulo es analizar las marcas de esa relación que en su obra se da entre el viaje, la maduración intelectual y la cultura cosmopolita.



Fernando Beleza

Newcastle University

Lisboa Afropolita: Geografias Emergentes do Cosmopolitismo Africano

Esta comunicação analisará as articulações do afropolitismo na literatura portuguesa contemporânea, nos planos éticos e estéticos. No célebre ensaio que popularizou o termo ‘afropolita,’ Taiye Selasi coloca este novo ‘africano do mundo’ em movimento entre África e invariavelmente pelo menos uma cidade do G7 (Selasi, “Bye-Bye Babar” [2005]). Esta comunicação pretende trazer a noção de afropolitismo desenvolvida por Selasi e pouco depois aprofundada por Achille Mbembe para o contexto da semi-periferia europeia e da literatura afro-descendente em português (Mbembe, “Afropolitanism” [2007]). Mostrarei, por um lado, a forma como escritores afro-descendentes no Portugal contemporâneo (em particular, Djaimilia Pereira de Almeida e Kalaf Epalanga) têm reclamado recentemente formas de identidade afropolita afirmativamente a partir de Lisboa, descentrando os trajectos celebrados por Selasi e, consequentemente, trazendo novas geografias para o cosmopolitismo africano. Por outro lado, argumentarei que o afropolitismo articulado por este conjunto de escritores tem também respondido a algumas das críticas feitas à própria noção de identidade afropolita proposta por Selasi, contribuindo de forma relevante para o debate contemporâneo sobre as dimensões éticas e estéticas do afropolitismo.



Jeovet  Baca Virgínia

Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa

Os Contornos Da Linguagem Dentro Da Comunidade

No capítulo VII intitulado “The Creative Force of Discourse” do livro “The Language Animal”, Charles Taylor desenvolve o conceito da linguagem como a força criativa do discurso, que acontece quando o ser humano demonstra a capacidade de “fazer coisas com palavras”. Charles Taylor considera que o evento que ele denomina de fala, ou a troca conversacional, configura-se num círculo de comunicação e de atenção imediata. Para que exista esse evento é necessário perceber que a criatividade da fala vai além da força inaugural, porque quando os seres humanos trocam informações ao falarem uns com os outros, há um tratamento entre as partes, um pacto que pode ser alterado ao longo do tempo quanto aos termos estabelecidos na relação entre entre eu e tu. Taylor denomina essa relação de “base”. As bases são estabelecidas através da retórica, do tom de voz, do tipo de observação que cada um adquire quando está em contacto com o outro. Por elas, o “eu” permite ser observado e o outro não contesta, por uma infinidade de nuances.



Juliana  Amorim

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP / Brasil

A crônica cosmopolita e militante de Domingos Ribeiro Filho

Esta comunicação apresenta a análise de uma série de crônicas de autoria do escritor e militante anarquista Domingos Ribeiro Filho (1875-1942), veiculada entre 1924 e 1934 na revista semanal Careta, publicada na cidade do Rio de Janeiro. Trata-se de um conjunto de textos que compõem a coluna principal do periódico, intitulada “Looping the Loop”. O escritor é ainda pouco conhecido e estudado, apesar de sua vasta produção literária que inclui romances e contos. As crônicas abordam assuntos do cotidiano da então Capital Federal sob a perspectiva de um movimento essencialmente internacionalista, o anarquismo. Além de dialogar com ideias e práticas libertárias advindas do contexto europeu, boa parte das colunas comenta matérias da imprensa internacional. Através da crônica, o autor adotou um conjunto de estratégias singulares, de modo a apresentar o que defendia como uma nova moral - de cunho anarquista -, em uma revista comercial de ampla circulação, não vinculada a um programa libertário.




Lasha Kharazi

Caucasus University

Univocity and Cosmopolitanism

Whenever the question of cosmopolitanism is posed, the concept of relation gains all its glory. What such relation implies in itself is a certain proportion between patriotism and cosmopolitanism. As usually the average jargon of popular opinion considers these two to be incompatible with each other. Full metal binarism of either/or haunts its everyday usage. But are these two in essence mutually exclusive? Georgian poet Vazha Pshavela in his 1905 essay “Cosmopolitanism and Patriotism” opens up completely new perspective on this theme. In the very beginning of essay he states aphoristically: “Every true patriot is cosmopolitan and every genuine cosmopolitan is a patriot”. In my presentation I will try to follow the contexts of this statement. How far can we think it as a practically applicable formula? What might be the phenomenological ground for its validity? What are the poet’s arguments in favor of it? If placing the question of cosmopolitanism on a philosophical plane, the sudden homology between its structure and the univocal model of being pays our attention. What is often forgotten in regard of the later is that the truth of opened univocity never speaks the language of analogy or resemblance, but of the difference. So that Deleuzian single ocean (Being) for all drops (beings), on condition that each drop (being) is different, postulates the only true parallel understanding of cosmopolitanism. In the presentation it will be affirmed that becoming worldly is all about the proportions between oneness of the being and the infinite differences of beings.



Lucas Rodrigues Negri

NELLPE / University of Sao Paulo

Literature in Cosmopolis: a materialist dialectic approach

Cosmopolitanism is considered in various ways, but it seems undeniable that all of them include two fundamental matters: some philosophical notion of universality, and the problem of how something can transcend its local groundings and reach an absolute, universal terrain. Alain Badiou’s philosophy refounds these two matters, thus offering us a new model for thinking cosmopolitanism. However, in this model, we are forced to face some problems related to the association between such ideas and literature. In this conference, I intend to present two points concerning such problems: first, some reasons for choosing mathematics, in direct opposition to poetic language, as an adequate form for thinking universality; and second, the recognition of four types of absolute forms (art, science, love, and politics), something that may lead us to question the actual meaning of an idea of cosmopolitanism that does not give to love, science, or politics the same preeminence it reserves for literature.

Madalena Lobo Antunes

CRIA

Cosmopolitanism against ethnocentrism in James Joyce’s Ulysses

The notion of “Cosmopolitanism” as a tool for interpretating literature has allowed for literary scholars to expand their point of view (previously based exclusively on the western canon) to include a somewhat self-reflexive view of their ethnocentric biases. This notion has created a reinterpretation of works long established in the modernist canon as works of “cosmopolitan modernism” as Rebecca Walkowitz explains. What makes a work like Ulysses “cosmopolitan” is the intertextual web it spins of individual discourses which are ethnically and culturally constructed. The characters created by Joyce are expressions, not only of a “cosmopolitanism of the poor” to use Silviano Santiago’s term, but also of a “cosmopolitanism of the immigrant”, a “cosmopolitanism of the stranger” and of many other representations of how perspectives on gender, race, ethnicity and religion intersect in individuals that are fictional characters, but that can also represent each of us in our everyday lives. Cosmopolitanism as an interpretative point of view can make us more self-aware as we reflect on the literature of the past whilst also considering, simultaneously, the singularity and universality of human experience. This paper will argue that this gesture of looking back at the literature of the past through a more inclusive lens can reveal how much a novel can teach us about the reality of human coexistence.

Marco  Bucaioni

Centre for Lusophone and European Literatures and Cultures School of Arts and Humanities/University of Lisbon

How do you say “Afropolitan” in Portuguese? African literatures, black-Portuguese literature and Afropolitanism

The concept of cosmopolitan, when applied to African realities, has in recent years given place to the formulation of Afropolitanism. Slippery as it is, and problematic as it proved to be (see James Hodapp’s introduction to his Afropolitan Literature as World Literature, 2020, among others), this concept has nevertheless had an important impact also in literary studies. For what concerns both African and Afro-European literary production in Portuguese, however, this concept has not been proved fecund to the date. It is nevertheless clear that the Afropolitan etiquette would fit perfectly to intellectual figures of the black diaspora in Portuguese such as Grada Kilomba or Kalaf Epalanga, as it is also obvious that the definition could pass well to the literary work of certain African authors who write in Portuguese (João Melo's short stories or João Paulo Borges Coelho’s literary trajectory). Better so, the authorial trajectory of Agualusa and Mia Couto can be considered the most cosmopolitan enterprise. At any rate, one can say that the whole African literary production in Portuguese possesses a degree of cosmopolitanism, in that it was institutionally created and its canon was consecrated outside the areas nominally producing it, i. e. Africa. It has been vastly proven that these literatures have been historically institutionalized in Portugal by Portuguese-based agencies. This communication’s aim is to discuss the adequacy and possible results of the application of the Afropolitan concept to literary production in Portuguese.

Marisa Mourinha

Centre for Comparative Studies, University of Lisbon.

Global Underdogs: Cosmopolitanism and Troubled Citizenship in the works of Ricardo Adolfo

Behind the idea of cosmopolitanism, there is a connotation of community. Whichever its theorization may be, the concept bears ties to a conception of global citizenship, and reflections on cosmopolitanism often dwell on the relationship between the individual, the community, and the space they inhabit. One instance in which works of literature contribute significantly to the reflection on such issues, is with the early long prose works of Ricardo Adolfo. His first three novels (Mizé. antes galdéria que normal e remediada, 2006; Depois de morrer aconteceram-me muitas coisas, 2009; and Maria dos Canos Serrados, 2013) are portraits of disenfranchised individuals, living on the margins of cosmopolitan cities. In his distinctive style, rich in vernacular language and post-modern irony, the author tells the stories of characters who seem have been left out on the fringes of the ideal communities they struggle to belong to. This paper aims to illustrate how the early novels of Ricardo Adolfo depict the contradictions of the modern world, with his stories of individuals whose aspirations and ambitions clash with the conditions of access, and lack thereof, to a condition of full-fledged citizenship in today's globalized, cosmopolitan cites.



Maya González Roux

Investigadora Adjunta CONICET Instituto de Investigaciones en Humanidades y Ciencias Sociales (IdIHCS) - Universidad Nacional de La Plata Argentina (UNLP)

Edgardo Cozarinsky y los fantasmas de la cosmópolis perdida

La obra del escritor y cineasta Edgardo Cozarinsky (Argentina, 1939) se erige como la de un testigo detallista, gran viajero, y arqueólogo de la memoria del siglo XX. Su curiosidad por recuperar esta memoria latente en la voz de personajes marcados por la gran ciudad – de Buenos Aires a París, de Londres a Berlín, pasando por Lisboa, Tánger, Sevilla y grandes ciudades de Europa del Este– es sin duda uno de los temas privilegiados por su literatura y su cine. Estos rasgos permiten pensar, en consecuencia, la obra de Cozarinsky al interior de una larga tradición, aquella en la que la literatura, desde el siglo XIX con Charles Baudelaire como epígono, privilegió la ciudad como un espacio que propiciaba los encuentros y cruces de los destinos, es decir que la ciudad se convierte en “una mirada [del] no-lugar exílico” (Alexis Nouss). A través de una breve selección de films y de crónicas, nuestro trabajo indagará las ciudades cosmopolitas en Cozarinsky con el fin de observar cómo las andanzas en las cosmópolis revelan la intensidad con la que el autor medita en torno a las historias y a los secretos de vidas ajenas, pero también de su propia historia, esto es la del hijo de la diáspora.


Meghann  Cassidy

Ecole Polytechnique - Paris (Palaiseau), France

Contemporary « black » poetry displacement and globalization

Contemporary « black » poetry is a diverse and highly varied artform that regroups multiple experiences of displacement and globalization. Despite important differences, much of it can be tied to a tradition that seeks to understand and grapple with identity through a form of cosmopolitanism: an I/We that is articulated on a global level. This paper examines the notion of a poetic and political, global and black subjectivity in three steps. First, it will define the problem of identity as brought to bear by the Slave Trade and other colonial and postcolonial events. Secondly, it will identify three models black thinkers and poets (Cesaire and Senghor; Edouard Glissant; Paul Gilroy) have developed for thinking about identity on this global, historical scale. Thirdly, it will examine this esthetic, cosmopolitan tradition as it plays out in the poetry of Saul Williams, Roger Robinson and Warsan Shire, all of whom focus on the importance of the body, double-consciousness and a global community in their writing.

Milena Issa

Universidade Nova de Lisboa - Nova school of Law

Escrita de si da mulher encarcerada: Técnicas e políticas de si no cárcere desvendam outros elementos da identidade narrativa

This work of monograph intends to analyze the Project Indocenters and Free Minds implemented in the Women's Criminal Set of the Penitentiary Complex Lemos Brito, in Salvador. With an emphasis on a poetry composition material made by the sentenced prey participating in the project, this work proposes to focus on self-writing in the jail, observing how the view of self as a woman and as a subject of rights is redefined by incarceration. The research methodology used was the inductive-analytical, through the qualitative research optics and the research techniques chosen were the documentary analysis, the semi-directive interview, and the participant observation. The main findings of this work concern both the understanding and appropriation/erasure of stigmas by incarcerated women as well as the perception of convergences between literature in prison and subaltern literature. At this point, I realize that the literature of the black woman and her thematic issues talk directly with the female literature of the jail. Moreover, along the path of appropriation and construction of theories regarding the writing and self-view of the incarcerated woman, I perceive a situation of coming and going of affirmation and inferiorization of the self that is deprived of freedom.



Nithin Varghese

St Berchmans College, Changanacherry

Mapping the Sacred: Religion and Violence in Karnad's Dramatic Oeuvre

Jonathan Swift’s assertion, “We just have enough faith to make us hate, but not enough to make us love each other” seems to have gained a poignant sense today. Without a doubt, we have seen religion evoked in the context of violence. This paper “Mapping the Sacred: Religion and Violence in Karnad’s Dramatic Oeuvre” articulates the various forms of violence inflicted upon human beings with religious sanction depicted in the plays of Girish Karnad. Karnad (1938-2019) has provided new directions to Indian drama through his creative and experimental works, along with contemporary playwrights such as Vijay Tendulkar (1928-2008), Badal Sircar (1925-2011) and Mahesh Dattani (born 1958). The mutually complementary approach of contemporary Indian subjectivity on the different axes of gender, sexuality, history, politics, tradition, class and socio-cultural change unites their work. Karnad deals with the myths, folk tales, and events from history in his works such as Yayati (1961), Tughlaq (1964), Hayavadana (1971), Bali: The Sacrifice (1980), Nagamandala (1988), Tale Danda (1990), The Fire and the Rain (1994), The Dreams of Tipu Sultan (1997), Wedding Album (2006), Boiled Beans on Toast (2014) and Crossing to Talikota (2019). The growing relationship between religion and violence has emerged as one of the most pressing issues of our time. As a result, this paper aims to examine how Karnad’s plays show the different levels at which religion functions as a punitive force in the society that holds individuals under constant surveillance, and also studies how religion can do the reverse, causing people to be violent. The subject of the relation between religion and violence is highly contentious. Many academics from a wide range of academic disciplines have discussed this issue. However, it is usually possible to classify their points in two categories: “They either exaggerate religion’s role, denouncing it as the root cause of all conflict, or they deny that ‘real’ religion could be responsible in any way for indiscriminate violence” (McTernan 20). Foucault’s idea of disciplinary power and how “…discipline produces subjected and practiced bodies, ‘docile’ bodies” (Discipline and Punish 138) are utilized here in rereading Karnad’s plays.

Keywords: Violence, Discipline, Religion, Surveillance, Foucault, Karnad


Nuno Miguel  Proença

CHAM - Centre for the Humanities, NOVA-FCSH

The "Lusiads effect": a tension towards imperialism or cosmopolitanism?

In 1998, philosopher Fernando Gil and literature scholar Helder Macedo published an important reflection on the themes of retrospection, vision and prophecy in the Portuguese Renaissance. Viagens do Olhar [translated into English as The Travelling Eye] takes into account some of the most remarkable literary works of this period of Portugal’s history as they had a role in the genesis of the crisis of the European Consciousness in the turning of the XVII Century to the Century of Enlightenment, thus creating original conditions for a renewal of the modern cosmopolitan aspirations. By letting the figures of the foreigners, the strangers and the strange into the artistic and literary representations of the Old Continent, these literary works have largely contributed to the possibility of a changing of perspective and of a questioning of dogmas, certitudes and beliefs taken for granted before the encountering of these “Others” and “New horizons” because of which Europe's conceptions of the world would never be the same. Among the several readings and analyses undertook in their work, we wish to focus on what Fernando Gil calls the “Lusiads effect” as it abbreviates two contradictory inspirations that traverse Camoens’ epic. Indeed, Gil’s analyses shows there is a permanent and insoluble tension between the inspiration of the voyage and the wish for a renewed national foundation: the first tends toward cosmopolitanism, and the second towards imperialism. Although The Lusiads sometimes produce the illusion of their coherent unity by means of artificial justifications and ideological misfortunes, foundation and voyage never complete each other in a unique poetic evidence, because they do not stem from the same desire.



Patrícia Lino

University of California, Los Angeles

Title: tbc

Cosmopolita e arriscada, a opção estética das duplas Delaunay-Cendrars (“La prose du Transsibérien et de la petite Jehanne de France”, 1913) e Tarsila-Cendrars (Feuilles de Route. Le Formose, 1924) está na base de dois livros de poemas publicados no Brasil em 1925: Pau Brasil de Oswald-Tarsila e Quelques Visages de Paris de Vicente do Rego Monteiro. A inclusão do desenho simples e caligráfico no espaço do poema antecipa não só uma série de livros de poemas com desenhos (O Primeiro Caderno do Alumno de Poesia Oswald de Andrade, 1927; O Mundo do Menino Impossível de Jorge de Lima, 1927; Álbum de Pagu de Patrícia Galvão, 1929 e Dia Garimpo de Julieta Barbara, 1939), como também se transforma, em termos visuais e sonoros, no embrião da linha multilíngue e condensada, ao mesmo tempo intermedial e não-verbal, das vanguardas brasileiras do século XX. Em particular, da poesia concreta. Apartados da vertente mais carnal e andrógina das reinterpretações da antropofagia oswaldiana, os concretos fizeram da compulsão visceral para reinventar-se, do “mínimo múltiplo”, da visualidade retórica, da colagem como apropriação e da espacialidade do risco interdisciplinar de Pau Brasil e do Primeiro Caderno, os motes de um projeto esteticamente incontornável para a elaboração nacional e internacional do poema-praxis, do livro-poema, do poema espacial, do poema performático, da videopoesia, da poesia eletrónica ou da infopoesia. A heterogeneidade do princípio antropofágico, materializado pelo corpo nativo que devora de modo seletivo uma variedade de artigos, desdobra-se verbivocovisualmente na condensação ou no “todo-dinamismo” conteudístico e técnico do poema, o que, a meu ver, e avesso à supressão da pluralidade comunicativa do corpo cerebral idealizado pelo Ocidente, aguça o processo de “desintelectualização” marcado, no contexto da poesia concreta, pela decifração de várias camadas de significado, num ou mais códigos, da composição-enigma e, consequentemente, pela ampliação icónica dos sentidos (“o olhouvido ouvê” ). Em outros termos, o antropófago, que se vai apoderando corporalmente do suporte e dos temas (livro de poemas com desenhos — poema verbivocovisual), dispensa tanto o estatuto autoral quanto descarta a regra monodisciplinar que cerca e ampara a compreensão linguística do poema. A ampliação intermedial do poema concreto como coisa autossuficiente feita por um(a) emissor(a) elidida(o) adianta a recusa em comunicar e escapa ao universalismo taxonómico, absoluto e claro do mundo ocidental para desenvolver-se, ao mesmo tempo, como uma dinâmica de resistência, não necessariamente ininteligível, mas expressivamente opaca (“Só não há determinismo — onde há mistério. Mas que temos nós com isso?” ). O poema brasileiro vanguardista constitui-se assim, avesso à imposição alfabética, a partir da tensão entre a internacionalização do fazer pós-colonial e o repúdio pelo molde convencional de comunicação eurocêntrica.



Paulo Jesus

Philosophy Center of Lisbon University

The Ethics of Literature: Writing in the Mood for Cosmic Love

Literature, especially in its utopian and dystopian ventures, unfolds an ethical engagement under the guise of imaginative design, experimentation, and exploration of possible worlds that are directly or obliquely submitted to moral diagnosis and sociopolitical evaluation. Since Thomas More's Insula Utopia until Margaret Atwood's Republic of Gilead, the desire of a good polis stimulates and rejuvenates the powers of allegory, irony, and narrative. In utopias and dystopias alike, as symmetric forms, a kind of cosmic, political, and poietic love in quest for better human possibilities opens up the horizon towards the intimacy of human otherness. Imagining other human worldly architectures, encompassing other minds, other relationships, other environments, demonstrates a how literature is nourished by the deep entanglement between reality and possibility as well as between mimesis and alteration, affection and creation, trauma and therapy, reading and writing on the living body of the world - as though it remained still in love with the future, despite the confusion of the senses oscillating within fear, hope, and disgust.    

Pedro Franco

FLUL

The Ambiguous Cosmopolitanism of Joseph Conrad: A Reading of Heart of Darkness

Joseph Conrad could represent the idea of a cosmopolitan writer. Though he was Polish, Conrad wrote in English, an aptitude he viewed as “natural”. Yet his cosmopolitanism is ambiguous. His novel Heart of Darkness (1899) is the kernel of that discussion. It remains a classic since it is open to many different interpretations: from political criticism to psychologic and stylistic readings and its intersections, Heart of Darkness has sparked profuse scholarship, drawing contradictory arguments of praise and blame, starting with Achebe’s accusation of Conrad’s racism (1975). Conrad’s avowed artistic intention, however, was "to make us see". This short paper will try to untangle the meaning of this intention recurring to Conrad’s essays and letters; to assess the influence the novel had on the Congo reform movement and lastly to make sense of divergent readings of the novel, in particular Lionel Trilling’s (1972), which is more complex and complete than other critical views.

Rui Sousa

CLEPUL

Um cosmopolitismo no tempo e no espaço. Notas sobre o sincretismo em Fernando Pessoa

Nesta comunicação, pretende-se debater a relação entre o cosmopolitismo e o projecto literário descrito por Fernando Pessoa, tendo como ponto de partida um texto de 1916 no qual Pessoa esclarece que o propósito fundamental da revista Orpheu, associado à poética sensacionista, seria “Crear uma arte cosmopolita no tempo e no espaço”. Pessoa propõe nesse documento uma ideia de cosmopolitismo que teria a sua manifestação fundamental através do encontro de expressões culturais de todo o mundo, sintetizadas num espaço que poderia ser o periférico espaço português, se visto como plataforma de encontro e diálogo entre os contributos de todo o mundo. O projecto pessoano de “Grande Síntese”, que encontra desdobramentos ao longo de toda a obra do autor, corresponde, tanto a uma visão específica do cosmopolitismo, que suplantaria os vários totalitarismos e imperialismos militares e económicos pela confluência dinâmica das expressões culturais, como a uma original variação em torno da ideia de “obra de arte total”. Procuro, portanto, defender de que modo o “cosmopolitismo no tempo e no espaço” corresponde a uma outra forma de exprimir o ideal de arte tipicamente moderna, em vista qual se prove claramente que o Seculo XX vem depois dos seculos que vieram antes” em função de um Magnum Opus da alchimia espiritual”.


Samara Akemi Saraiva

UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo

A formação intelectual de Patrícia Galvão, uma escritora cosmopolita.

Esta comunicação tem como objetivo apresentar parte do processo de formação intelectual da escritora brasileira Patrícia Galvão (1910-1962). A partir de uma lista de livros que foram apreendidos em sua casa, no ano de 1936, no momento em que foi presa como militante comunista pelo Departamento de Ordem Política e Social – DEOPS/SP, é possível compreender parte do processo de elaboração do seu posicionamento político e literário. Autora de romances e de uma intensa produção jornalística, seus escritos frequentemente estiveram conectados a seus compromissos políticos. A maior parte dos seus livros tratavam das temáticas da literatura e da teoria revolucionária marxista, o que reflete seus interesses e pode nos informar sobre a sua concepção de literatura como uma ferramenta de intervenção social. Nesse sentido, torna-se importante analisar, a partir de suas leituras, o entendimento sobre a sua formação intelectual como escritora, investigando também de que modo forjou sua compreensão da literatura e operou sua produção literária com o propósito de intervir na sociedade de seu tempo.


Sara Fernandes

Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa

Virginia Woolf e a Construção do Si Cosmopolita

A partir da análise das obras literárias Mrs Dalloway e As Ondas, defenderemos a tese, segundo a qual, em Virginia Woolf, encontramos as intuições mais marcantes em relação ao conceito de identidade pessoal, numa acepção cosmopolita, e que inspirarão filósofos como Hanna Arendt, Alasdair Macintyre e Paul Ricœur. Uma identidade temporal, intersubjectiva e histórica; um fenómeno psicológico complexo, privado, mas radicalmente dependente da exterioridade para se constituir e sendo apenas parcialmente acessível via narrativa ou estética; uma identidade ética sensível a vidas de outras culturas e movida pelo reconhecimento da sua igual dignidade. Traçaremos também os compromissos psicológicos e afectivos que decorrerão deste modo de pensar a identidade em Virgina Woolf. Quando literatura e filosofia se cruzam deste modo, há que admitir a originalidade antecipadora do domínio artístico em relação à reflexão filosófica, a sua contribuição para o progresso no debate dos problemas da filosofia, cabendo à última o papel de clarificar os conceitos, os símbolos do discurso literário e de encadear argumentativamente as ideias implícitas na narrativa do Si.

Soraya Nour Sckell

NOVA School of Law

A invenção de si e do cosmos: cosmologia e poética do eu na obra de Paulo Jesus

Analiso nesta comunicação como na obra literária de Paulo Cardoso Jesus as metáforas cosmológicas e cosmopolitas organizam a relação entre o eu, o outro e o Universo.  O autor traduz em sua obra poética, enquanto exercício narrativo, a conceção de ‘poética do ipse’ que desenvolve em sua obra filosófica, enquanto exercício reflexivo, em quatro dimensões:  o ‘eu que se produz’ (autonomia), em Órbitas Primitivas; o ‘eu que é dado’ (heteronomia), em Labirinto Íntimo; e o ‘eu dialógico, em relação com o outro’, em Caos Boca-a-Boca; e o 'eu desejante', em Eros e Psyche.  Em Órbitas, Eva Ferreira cria a si própria como se criasse o Universo. Em Labirinto, confronta-se com um dado exterior, seu próprio corpo. Em Caos, a ‘pele’, metáfora de todo dado exterior, assume forma dialógica – o ‘toque’ é a metáfora da forma da relação com o outro.  Em Eros e Psyche, Eva se descobre como ser que deseja, e que se torna criadora, que cria a si própria, por desejar.



Tatiana Faia

Independent Scholar

On the cosmopolitanism of C. P. Cavafy and Álvaro de Campos

Given how little they travelled past their teenage years – Cavafy lived in Alexandria most of his life and Pessoa in Lisbon – and how cosmopolitan the outlook of their poetry is, cosmopolitanism is one of the key concepts through which these two major modernist poets can be compared. The aim of this talk is to read a cluster of famous poems by C. P. Cavafy (Alexandria, 1863-1933) and Álvaro de Campos (Fernando Pessoa, Lisbon, 1888-1935), where cosmopolitanism is a relevant concept, such as Cavafy’s “The city” (1848; 1910) and “Ithaka” (1910; 1911) and Álvaro de Campos’s “Ode Marítima” (1915) and “Lisbon Revisited” (1926). I will take Graham Zanker’s 1987 book Realism in Alexandrian Poetry as the starting point of my discussion. I will argue that his research on the role of multiculturalism in establishing the originality of Hellenistic culture provides a relevant framework to consider how a sense of displacement is a source of cosmopolitanism in both Cavafy and Campos, especially around the concept of foreigner. Overall, this comparative approach will also allow us to discuss these much-read poems in a new light.

Veronica Prudente Costa

Universidade Federal de Roraima

A Amazônia Como Espaço Cosmopolita De Viagens, Encontros E Desencontros

A partir dos “descobrimentos” ou “achamentos”, os textos de viagens europeus tomam fôlego entre os séculos XV e XVI em razão das viagens marítimas ao Novo Mundo e da necessidade pragmática de registrar rotas, condições atmosféricas, acidentes da costa e todos os elementos que pudessem facilitar a repetição e prosseguimento dos percursos. Dessa forma, os roteiros e os diários de bordo, cartas e relatos de naufrágio, que se constituem como documentos fundamentais para orientação náutica, são os antecedentes desta literatura, que alarga o seu espectro e assume a forma de outros textos de natureza plural que inspiram a escrita do viajante sobre novos temas e novas experiências; supera a função meramente descritiva para apontamentos sobre o pitoresco que surgem da relação entre o sujeito perceptivo e o mundo novo a ser desvendado. Além de ser uma categoria que transita entre a História e a Antropologia, aliada à problemática de classificação que o termo “Literatura” carrega em si, a variedade de formas e tipologias textuais sobre viagens impossibilitam uma definição dessa categoria de forma única em relação ao gênero; só é possível estabelecer como traço comum a unidade de tema. Para dialogar com a afirmação exposta, trazemos a Amazônia como espaço cosmopolita onde diferentes identidades se encontraram desde as primeiras incursões pelo rio das Amazonas, como o chamaram os primeiros viajantes europeus que por lá passaram. A partir dos descobrimentos marítimos um Novo mundo se apresentou ao Velho através do espanto e dos conflitos com os povos originários. A partir da discussão conceitual sobre a Literatura de Viagens e o diálogo que se estabelece entre essa literatura e as viagens portuguesas ultramarinas, damos destaque a Henrique João Wilkens, cuja viagem era para fins militares e delimitação dos limites portugueses sobre a Amazônia, que escreveu o épico Muraida no século XVIII e este nos conta sobre os “des-encontros” entre portugueses e povos indígenas.

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